São duma crueldade alguns comentários que se ouvem ou lêem, a respeito de gostos e interesses.
E tal, desces-te na minha consideração, nunca pensei que gostasses disso, que nojo e não sei quê, que falta de gosto e assim e ao sol.
Pode ser um ponto de partida para troca de experiencias, mas a tolerância deve sobressair.
E perde-se todo o mérito, assim de um momento para o outro, por causa de um estilo musical, por gostar de uma cor que não está na moda, por assumir que dorme com um peluche, por confidenciar que chora baba e ranho a ver um filme romântico, porque gosta de comer coiratos, usar all stars, eu sei lá mais o quê e o diabo a quatro!
Ou se gosta ou não se gosta e ás vezes até se aprende a gostar, prontos, sim prontoos.
E quando não se gosta, põe-se na beira do prato, tá?
Enxovalhar e censurar, apenas reprime e cala a voz daqueles que gostam de partilhar os seus gostos e interesses.
E mais não digo.
Há realmente coisas difíceis e constrangedoras de abordar com uma criança de 8 anos.
As polémicas da igreja, os abusos sexuais e a pedofilia são exemplo disso e no jornal da noite, de quarta-feira, fomos confrontados com noticiais e imagens de tal forma hediondas que prenderam o T. ao ecrã.
Perguntei-lhe se sabia o que queria dizer pedofilia ao que respondeu que não, ao mesmo tempo em que as suas faces coraram, pelo pouco à vontade com que ficou, com a minha pergunta tão directa.
A questão da pedofilia afecta toda a família e não deve de toda ser ignorada e deve ser discutida em casa.
Não aprofundando demasiado, disse-lhe que nunca deve aceitar qualquer tipo de presentes de adultos "sem antes perguntar ao pai ou à mãe", presentes que muitas vezes são guloseimas ou até dinheiro.
Que não deveria ter medo ou vergonha de falar connosco ou perguntar-nos o que quer que fosse quando tivesse alguma dúvida e que falasse sem receios de comportamentos nada habituais, no dia a dia, por parte de alguém, tais como abraços, carinhos ou beijinhos.
A conversa ficou por ali, não nos alongamos mais, mas confesso que fiquei a matutar nas minhas palavras e se fui explicita na minha resposta. Que muitos mais momentos destes vão ocorrer e há que estar devidamente prevenida para uma resposta adaptada à sua tenra idade e ontem num momento de publicidade apercebi-me que não estava efectivamente preparada para outra questão, a ejaculação.
Valha-me Deus, então à hora do jantar a falar de ejaculação precoce na televisão?
Também não era necessário chamar a atenção para aquele assunto aquelas horas, podiam ao menos aguardar por uma hora mais tardia para passar o anúncio na televisão.
E que o assunto é sério, é, que pode afectar um casal, pode, que não deve ser ignorado, não, mas havia necessidade de ter passado aquela hora? Em que supostamente andam as criancinhas pela casa ou sentadas à mesa em família.
Valeu-nos o facto de ser um anúncio tão curto e ter passado de imediato para um outro, que sinceramente nem me lembro sequer qual foi, tal foi a minha atrapalhação naquele momento.
OK, não devemos ignorar os assuntos e fazer de conta que não existem.
Não devem existir tabus, é certo, mas nem todos os momentos são oportunos, pois não?
Sou defensora das rotinas e depois de implementadas não abdico delas, em benefício da educação dos meus filhos.
São extremamente importantes ao longo de todo o percurso de desenvolvimento de uma criança.
Os hábitos continuados fomentam a interacção deles connosco, proporcionam continuidade e estabilidade nas relações, que são características essenciais para um crescimento saudável.
As rotinas previsíveis, instituídas em casa permitem acompanhar, regular e ajustar comportamentos menos próprios e estimular e premiar as boas condutas.
O momento da refeição é sinónimo disso mesmo.
Detectamos e acompanhamos progressos ou regressões, que também existem, permitindo actuar no momento certo e articular com a escola ou com o mundo que está para além da nossa porta.
As rotinas não têm que ser obrigatoriamente penosas e não são.
Promovem o diálogo, estreitam o relacionamento com os nossos filhos e os laços vão ficando cada vez mais apertados.
Fluem conversas e divaga-se.
Ensinamos e aprendemos com eles.
Até mesmo as notícias fresquinhas que nos chegam pela televisão, ajudam a contextualizá-los no mundo em que vivemos, pelas informações, pelas novidades, pelo estado do tempo, pelo minuto verde e até pela publicidade.
È aqui que entra a outra rotina, a que gostam menos, mas igualmente necessária. Enquanto preparo os pequenos-almoços, os meninos ligam a televisão e quando me sento, já sabem que a temos que desligar.
Depois existem os fins-de-semana, em que podemos ir além das rotinas, quebrando-as, que ás vezes sabe bem e é preciso.
Enquanto o sábado não chega, é assim lá em casa.
Um pormenor sem a mínima importância.
Está a chover, quem diria, com direito a relâmpagos e trovões!
Não faz por menos!
Viva o luxo.
Já se deslumbra uma noite nada pacifica.
E os momentos que antecederam o jantar foram passados na rua.
Apesar da hora avançada, a claridade induz em erro e resmungam sempre que os chamo para jantar quando ainda não está escuro.
Deixei-o brincar na rua com a bola, tal como me pediu.
A nossa rua é muito sossegada, o que me deixa tranquila, quando vai jogar à bola ou andar de bicicleta.
Teve que sair à socapa, para a mais nova não o ver, o que me obriga a desdobrar em desculpas para justificar a ausência do mano.
Volta e meia leva a bola para a escola, dentro de um saco, juntamente com as sapatilhas velhas e no intervalo joga com os amigos.
No final do jantar, ainda viu um pouquinho de televisão, depois de pedir, muito, muito, isto porque não é habitual liga-la à noite, durante a semana.
De segunda a sexta a rotina está instalada e os hábitos repetem-se religiosamente. Deitar cedo, cedinho.
Hoje foi diferente.
A mãe só quer que sejam felizes.
Que aprendam a ser humildes.
Que sejam respeitadores e educados.
A mãe só quer que sejam felizes.
Que levem a vida a sorrir.
Que sigam pelo caminho certo, mesmo que mais longo.
A mãe só quer que sejam felizes.
Que sejam responsáveis e lutadores.
Que os vossos corações estejam sempre juntos
quando a distância vos separar.
Sempre os melhores amigos,
lembrem-se das palavras da mãe.
Não dá para acreditar.
As rabanadas de vento abanam bastante as janelas e está a chover torrencialmente.
Já não há pachorra para tanta chuva.
Direitinho para o lixo.
E metesse-me cada ideia na cabeça, arre....
Achei que me ia fazer bem cozinhar , inventar qualquer coisa, só para desanuviar e vai daí pensei em fazer pão.
Isto de regresso a casa, antes de ir buscar os meninos.
Tão depressa pensei que quando dei por mim já estava na padaria a comprar fermento.
Já estava a pensar no cheirinho maravilhoso que ia ficar na cozinha, para não falar do pão com manteiga, com que me ia consolar.
Decidi-me pelo livro que o meu irmão ofereceu ao maridão nos anos e para me estrear, tinha que ter ficado uma bela porcaria.
A massa levedou o tempo aconselhado mas não cresceu e os pães ficaram exactamente do mesmo tamanho com que entraram no forno.
Aconteceu algo semelhante em Março, quando fui passar o fim de semana a casa de uma amiga, o bolo pegou literalmente na forma e foi todo para o lixo.
Nesse dia, nem os bolinhos de côco que fiz, para que nem tudo ficasse perdido, escaparam. Pareciam pedras autênticas.
. Caminhos
. Insónias
. Sunset
. Taxa de álcool no sangue!...