O dia começou bem cedo e não não foi fácil sair da cama mas o telemóvel tocou como que a puxar-me e eu não o desrespeitei.
Enquanto me vesti, os pequenos acordaram sozinhos e saudaram-me com aquele BOM DIA, com que já me habituaram.
Comecei a acelerar o passo, coloquei o telemóvel no bolso e a cada instante dava por mim a olhar para as horas.
Já estava a ficar nervosa, o tempo estava a passar e não me podia atrasar, tinha que entrar no carro antes das 8h15.
Não consegui estar pronta a essa hora, estavamos atrasados e eu ainda nem tinha comido nada e foi nesse momento que me dei conta da falta de um rádio aqui em casa.
Os meninos ficaram a terminhar o pequeno almoço, ainda tive tempo para a recomendação do costume, que não se sujassem com o leite e a correr desci as escadas para ligar o rádio do carro, eram 8h16 minutos.
Atrasei-me um minuto, entrei em panico, mas logo me apercebi que aquele era o timing certo e como se não bastasse as expectativas até aumentaram porque iriam ser feitos dois telefonemas ao longo do dia de hoje.
Afinal, mesmo as que se consideram doidas por malas também falham e a esta hora já com certeza se instalou o caos na cabecinha de quem ontem não atendeu a chamada da RFM.
É imperdoável, também eu não me perdoo se me ligarem e eu não atender.
O nome do concurso é Doida por malas, mas se não estou maluca, mas sou bem capaz de ficar até ao final da próxima semana.
Dei por mim a proferir a frase quando o meu telefone tocou, passavam alguns minutos das 16h e não foi ninguém da RFM que me ligou.
Ainda aguardei pelo segundo telefonema, já estava eu a jantar mas o telemóvel não tocou.
Não é justo, já escolhi a mala, estou tão dedicada ao concurso e até um postit com a frase colei na parte de trás do telemóvel, não vá eu ter uma branca quando o telefone tocar.
Estou a levar a sério e desde segunda feira que se instalou em mim um nervoso miudo que vai crescendo ao longo do dia até ao derradeiro minuto em que o telefone pode tocar.
A cada dia renova-se a esperança de que vou ser a contemplada com o telefonema mas temo que isso possa não acontecer.
Pelo sim pelo não, quando o telefone tocar, eu digo a frase e depois logo se vê se me tiver que desculpar, caso me ligue um cliente, a professora do meu filho, a minha mãe, uma amiga, o meu chefe, eu sei lá!
Nessa altura sim, bem me podem considerar maluca, mas é um risco que tenho que correr.
A mala castanha da Carolina Herrera, vale isso e muito mais, e eu que eu não sou nada fútil nem agarrada a bens materiais, nada disso!
Pelo sim pelo não , amanha vou comprar um rádio.
Mas ainda não foi hoje, talvez me liguem amanha....
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