O Pai Natal não existe.
Por mais que digamos o contrário, o meu filho mais velho sabe que é verdade!
Ou porque chegou o momento, ou porque alguém lhe disse, ou porque descobriu sozinho.
E voltamos a esta conversa, quando lhe perguntamos se já tinha feito a carta para o pai Natal e nessa altura respondeu que não valia a pena, que ele não existe.
Lembro-me de lhe ter dito que estava errado, contrapus e argumentei.
Hoje tive uma enorme vontade de lhe contar a verdade, não que ele não saiba, mas nunca o ouviu da minha boca.
Esta vontade entristece-me, confesso.
O Pai Natal visita-o todos os anos, desde que nasceu, trouxe-lhe prendas, segurou-o ao colo, acariciou-o e brincou com ele.
Ele também o recebeu com carinho, muita euforia e entusiasmo e esse era o momento alto da noite.
Quando a irmã nasceu, dividiram-se as atenções, repartiram-se os carinhos e somou-se cumplicidade.
Não quero dizer que lhe menti e até podia forçar mais um ano e fazer com que acredite, ou pelo menos tentar.
Até podia, mas hoje não quero, amanha não sei.
De qualquer forma, hoje não fui capaz, senti que poderia estar a quebrar algo mágico, delicioso, mas por outro lado e porque está mais crescidinho, quero que sinta o Natal de outra forma e que perceba, que as prendas valem o que valem e muitas vezes não valem nada.
São simplesmente fruto das exigências da sociedade, fruto das aparências e pergunto-me que significado tem realmente a palavra dar.
Quero que sinta que a mesa de Natal é suficientemente farta se toda a família estiver em seu redor.
Quero que sinta que a Noite de Natal é tão mais abençoada se estivermos juntos, felizes e de saúde.
Quero que sinta que não são os presentes que aquecem aquela noite e que a magia não se perde.
É tão mais fácil quando são pequeninos...
. Caminhos
. Insónias
. Sunset
. Taxa de álcool no sangue!...