Ainda há coisas que me tiram o sono.
Só isso justifica o facto de estar à frente do computador às 8h de uma manha de sábado quando nem sequer tenho a desculpa dos meninos terem acordado cedo.
Há sonhos que me tiram o sono, sonhos maus ou simplesmente maravilhosos.
No meu sonho os meus pais comemoraram anos de casados.
Não sei quantos seriam, mas a felicidade estampada nos seus rostos era a prova viva de que a comemoração desses anos lhes trouxe momentos de grande felicidade.
Num lindissimo jardim, muitos convidados, num dia com muito sol sem ser Verão.
Talvez um dia de Inverno muito frio.
Lembro-me apenas da Maria do carmo, a filha da tia Linda porque trocamos palavras e dos meus filhos, ao longe, numa imagem desfocada.
Muitas poses e imensas fotografias.
Acordei e não fiz um esforço sequer para voltar a adormecer, tive receio de esquecer pormenores, quem sabe até me esquecer por completo do sonho.
A minha mãe estava linda, muito serena, feliz e sorridente.
Por norma ela não é assim, o nervosismo da pose perante uma máquina fotográfica, sempre a deixou nervosa e desconfortável.
Não é de sorriso fácil, mas o sonho trouxe leveza ao seu semblante!
Agora me lembro, a figura do meu pai era a mesma de há 39 anos atrás, a figura da minha mãe era a de hoje mas com o mesmo brilho do dia do seu casamento, das fotografias a preto e branco, que conheço.
Agora o sonho está mais claro, se é que um sonho pode ser claro!
A minha mãe foi uma das noivas mais bonitas que vi até hoje.
Lindissima. feliz, apaixonada.
Naquele dia a Maria Filomena concretizou um sonho.
O album de casamento da minha mãe esteve sempre muito bem guardado e quando eu o via e foram muitas as vezes, passava largos momentos a contemplar algumas daquelas fotografias, que mais pareciam saídas de um conto de fadas.
Duas delas ficaram guardadas para sempre na minha memória, uma dança com o meu avó e numa outra, a complicidade do olhar do meu pai para com a minha mãe.
Todas as noivas deveriam ser assim, felizes e enamoradas.
Não me quero esquecer de como a vi no sonho.
Dizem que os sonhos reflectem as nossas vivências e os nossos pensamentos, neste caso até funcionou.
Tenho pensado imenso nesta data e não é ser lamechas não senhor, todos os anos de união deveriam ser comemorados.
No próximo Domingo, contam 39 anos de vida em comum e muitos deles não foram comemorados juntos.
A vida dos meus pais gerou uma bela pérola, rara e preciosa.
Tal como a ostra faz nascer a sua pérola em defesa da própria vida, também os meus pais construiram um castelo sólido, para lá da distância, apesar das agruras e das dificuldades.
Foram muitos os momentos de tristeza, eu sei, eu presenciei-os, outros escondidos pelas lágrimas da minha mãe, mas a pérola nunca perdeu o brilho.
Voçes são o meu exemplo de vida.
Amo-vos muito.
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