É no silêncio que nos encontramos.
O T. está numa festa de aniversário, a segunda deste fim de semana.
Desta vez não temos que o ir buscar, vêem traze-lo cá a casa.
A C. ficou com os avós.
Uma tarde a dois.
Já a noite caiu e a segunda feira aproxima-se a passos bem largos.
Foram dois dias cheios de coisas boas, com direito a passeio, cinema e piscina.
Pena que me tenha enervado mas depois de pedir o livro de reclamações, que amavelmente me foi cedido, acalmei.
Uma piscina municipal é mesmo isso, municipal, supostamente ao serviço da comunidade, mas o importante é rentabilizar o espaço com aulas particulares para os mais pequenos, sem qualquer reserva de espaço livre para aqueles pais que querem entrar com os filhos.
Fui alertada na recepção de que o espaço da piscina ia ser reduzido por causa das aulas mas cerca de 15 minutos depois, fui praticamente corrida da piscina pelos dois professores que lá se encontravam.
Alucinei naquele momento.
Mudei de cor várias vezes quando me disseram para ir para a piscina grande.
- Acha que é próprio para uma criança de 4 anos? Perguntei eu.
- Não sabia que a criança também ia? Disse a funcionária.
- Quando comprei os bilhetes para dois adultos e uma criança, achou que eu ia deixar a miúda no cacifo? Disse eu.
Passei-me outra vez, respirei fundo, desejei-lhes bom fim de semana e saí.
Ainda há coisas que me tiram o sono.
Só isso justifica o facto de estar à frente do computador às 8h de uma manha de sábado quando nem sequer tenho a desculpa dos meninos terem acordado cedo.
Há sonhos que me tiram o sono, sonhos maus ou simplesmente maravilhosos.
No meu sonho os meus pais comemoraram anos de casados.
Não sei quantos seriam, mas a felicidade estampada nos seus rostos era a prova viva de que a comemoração desses anos lhes trouxe momentos de grande felicidade.
Num lindissimo jardim, muitos convidados, num dia com muito sol sem ser Verão.
Talvez um dia de Inverno muito frio.
Lembro-me apenas da Maria do carmo, a filha da tia Linda porque trocamos palavras e dos meus filhos, ao longe, numa imagem desfocada.
Muitas poses e imensas fotografias.
Acordei e não fiz um esforço sequer para voltar a adormecer, tive receio de esquecer pormenores, quem sabe até me esquecer por completo do sonho.
A minha mãe estava linda, muito serena, feliz e sorridente.
Por norma ela não é assim, o nervosismo da pose perante uma máquina fotográfica, sempre a deixou nervosa e desconfortável.
Não é de sorriso fácil, mas o sonho trouxe leveza ao seu semblante!
Agora me lembro, a figura do meu pai era a mesma de há 39 anos atrás, a figura da minha mãe era a de hoje mas com o mesmo brilho do dia do seu casamento, das fotografias a preto e branco, que conheço.
Agora o sonho está mais claro, se é que um sonho pode ser claro!
A minha mãe foi uma das noivas mais bonitas que vi até hoje.
Lindissima. feliz, apaixonada.
Naquele dia a Maria Filomena concretizou um sonho.
O album de casamento da minha mãe esteve sempre muito bem guardado e quando eu o via e foram muitas as vezes, passava largos momentos a contemplar algumas daquelas fotografias, que mais pareciam saídas de um conto de fadas.
Duas delas ficaram guardadas para sempre na minha memória, uma dança com o meu avó e numa outra, a complicidade do olhar do meu pai para com a minha mãe.
Todas as noivas deveriam ser assim, felizes e enamoradas.
Não me quero esquecer de como a vi no sonho.
Dizem que os sonhos reflectem as nossas vivências e os nossos pensamentos, neste caso até funcionou.
Tenho pensado imenso nesta data e não é ser lamechas não senhor, todos os anos de união deveriam ser comemorados.
No próximo Domingo, contam 39 anos de vida em comum e muitos deles não foram comemorados juntos.
A vida dos meus pais gerou uma bela pérola, rara e preciosa.
Tal como a ostra faz nascer a sua pérola em defesa da própria vida, também os meus pais construiram um castelo sólido, para lá da distância, apesar das agruras e das dificuldades.
Foram muitos os momentos de tristeza, eu sei, eu presenciei-os, outros escondidos pelas lágrimas da minha mãe, mas a pérola nunca perdeu o brilho.
Voçes são o meu exemplo de vida.
Amo-vos muito.
é para mim uma terapia.
Inventar ou seguir à risca uma receita, é sempre um desafio.
Tenho tido nos últimos dias uma relação algo conflituosa comigo mesma, e que me tem deixado bastante stressada.
Os momentos de conversa com a D. Margarida fizeram-me bem.
Partilhamos o gosto pela cozinha e foi nessa altura que me falou das fogaças.
Não tinha onde escrever, o T. emprestou-me a sebenta para tomar nota da receita.
Ficou a promessa de me dar a receita da regueifa doce, para a Páscoa.
Foi depois do jantar que tive o meu momento de descontracção.
Fiquei mais calma, mesmo que por momentos, mas foi bom.
Esperei que as fogaças acabassem de cozer.
Acompanhei o meu cafezinho com uma fatia de fogaça ainda quentinha.
Só faltou mesmo o maridão para me fazer companhia.
Pois é, na esperança de ajudar o T. a melhorar a escrita e a apurar o gosto pela mesma, coloquei-o de castigo.
Todos os dias, ininterruptamente faz uma composição de tema livre, por vezes com a nossa ajuda, mas acho que já noto algumas melhoras.
O texto começa a fazer sentido, as ideias estão mais estruturadas e se no início fazia um drama, hoje reage de outra forma e tenta sempre fazer melhor.
Aqui resumiu a sua manha de Domingo, do passado fim de semana.
Claro que os erros ainda não tinham sido corrigidos!
E foi assim no penúltimo fim de semana.
Nada para fazer, sem qualquer compromisso, sem horários e descontracção total.
E sem nada para fazer, fizemos tanto mas com tanto gosto.
O maridão coseu pão no forno a lenha e eu aventurei-me na cozinha.
A Bimby deu-me uma preciosa ajuda e juntas preparamos um coelho caseiro à moda de Trás-os-Montes.
Estes são os nossos melhores momentos, passados em família, na nossa casa, todos juntos.
As últimas laranjas do nosso quintal, tão docinhas!!!!!
Assim se faz felicidade.
Acabar o dia com choro e gritaria é tudo o que um casal ambiciona para um Domingo à noite.
Cá em casa, tudo isto nos é dado de mão beijada.
Nem as ameaças de que os deito sem verem os Ídolos alteram a situação.
Pára, senta-te, sossega, cala-te um bocadinho.....
Não há pachorra.
Quem me salva?
Depois de algumas alterações de ultima hora, coube ao maridão preparar o jantar.
Fui arrancar pêlos, daquelas coisas que a gente faz sem prazer nenhum, mas estritamente necessárias.
Como recompensa, um jantar à maneira me esperava.
Massa à bolonhesa e espectacular por sinal.
É o prato preferido do T. que comeu sem que da nossa parte houvesse qualquer insistência.
Aliás os filhotes adoraram e eu claro, também acabei por repetir.
Mas não ficou por ali, a sobremesa estava um must!
Até o T., mesmo depois daquela pratada de massa, ainda conseguiu comer uma fatia de bolo.
Mais uma vez, estás de parabéns!
encheu a casa, bem cedo.
Estão no pátio a brincar.
Estão radiantes, já faltava uma manha assim. Difícil foi explicar-lhes que não podiam vestir calções ou manga curta.
Claro que neste entretanto, já entraram em casa vezes sem conta, já se chatearam os dois, até a C. se magoou na bicicleta do irmão e trilhou a mão na porta.
A insatisfação reina depois dos primeiros momentos de convívio com a novidade.
Há muito que não brincavam lá fora e a euforia vai desvanecendo.
Não os oiço, estão sobre a supervisão do pai, algo os prendeu, mesmo que por breves instantes.
Até quando?
Os momentos de brincadeira são agitados, como se algo os pudesse destronar de um momento para o outro.
Vivem ansiosos e brincam da mesma forma.
A ansiedade, essa eu sei de onde vem, de mim, do pai, do dia a dia, mas também me questiono muitos vezes se somos responsáveis por tudo.
Seremos sempre nós os causadores da agitação constante em que vivem os nossos filhos?
Não que com isto me queira ilibar de qualquer responsabilidade, mas serão totalmente dependentes das nossas atitudes?
A televisão, a escola, os amigos, tudo contribui para a formação dos nossos filhos como indivíduos, não?
Agora lembraram-se do carro telecomandado, aquele que está expressamente proibido de ser ligado dentro de casa.
Pode ser que agora tirem a barriga de misérias e o brinquedo os leve longe, a paragens desconhecidas, a lugares imaginários cheios de fantasia e histórias de encantar.
Um pilota, o outro é responsável pelo itinerário e neste momento o consenso, é rei.
A partir dos 7 anos, as crianças entram na fase da pré-adolescência.
Como se já não tivesse com que me preocupar, agora também tenho que conviver com esta dolorosa realidade, a do crescimento de um filho.
Não que uma mãe não queira ver o seu bébé crescer, mas não tão depressa.
Crescem em altura, é certo que adquirem conhecimentos, alargam horizontes mas tão imaturos por vezes e não havendo forma de parar há que ajuda-los a crescer de uma forma bem sustentada.
Não se consegue facilmente.
Ás vezes parece mesmo impossível.
Mas será que não entendem?
Quase na adolescência e não acatam nada do que lhes transmitimos.
Porra, que me sinto impotente e isso que ouvimos de "dar tempo ao tempo", é uma grande treta.
Agir é agora, não é mais tarde, quando o tempo passa, e já nem adolescentes são, tornam-se adultos.
Dar tempo ao tempo, é fazer nada, deixar que a vida os ensine.
Não será o mais correcto, se assim fosse, onde se encaixa o tal papel primordial que cabe aos pais como educadores?
Ok, são ideias confusas, pois são, mas é como eu estou neste momento, muito confusa.
Repetimos vezes sem conta a mesma coisa e vezes sem conta se esquecem do que foi dito.
É uma fase e é próprio da idade, dizem-nos!
Toda a gente nos diz, até mesmo os que não têm filhos e que mais parecem doutorados em psicologia infantil.
São todos iguais, pois sim, também ouvimos muitas vezes....
Já cansa tanta conversa que nada de positivo acrescenta às nossas preocupações.
Que falem das suas experiências pessoais, que partilhem apenas as suas vivências e com verdadeiro conhecimento de causa ou então que se calem para sempre.
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