Domingo, 27 de Novembro de 2011
Gosto dos médicos que nos olham nos olhos. Que se desviam do computador, dos papeis amontoados na secretaria, nos ouvem, questionam e respondem e aquele momento transforma-se num dialogo. Interessam-se e sentem connosco. Gosto que se encurta a distancia e se fale sem vergonha ou tabus. Gosto que eles nos proporcionem essa sensação. Uma espécie de amigo que se preocupa, que sorri e que mais uma vez nos olha nos olhos e nos chama pelo nome. Esta semana foi assim, ainda que em duas especialidades diferentes, em momentos distintos. Mesmo que depois se esqueçam, que num cruzar qualquer não nos reconheçam, porque naquele momento e enquanto decorria a consulta, estiveram lá para mim.
Ao contrário da primeira gravidez, das novidades daquele estado maravilhoso de graça, a gravidez da minha filha foi vivida paredes meias entre a felicidade e a angustia. Guardamos segredo até completarmos 11 semanas de gravidez e a primeira ecografia trouxe-nos um choro de alivio e felicidade extrema. Já só contava os dias e as semanas para a poder ter nos meus braços, que os medos antigos transformam-se em fantasmas e roubam-nos a tranquilidade dos pensamentos. Alguns sobressaltos mais tarde nasceu, num dia de sol com data marcada, mas sem sabermos, já ela tinha escolhido esse dia.
Quase seis anos depois e todas as memórias me acompanham que a bebé que tive nos braços, hoje é uma menina crescida, linda. Amanhã é dia de festa. O acolhimento às crianças que iniciaram a catequese e ela está feliz. E nós tranquilos!
Sábado, 26 de Novembro de 2011
Lembro-me da primeira permanente que fiz, no cabeleireiro da minha rua. Já devem ter passado uns bons vinte e poucos anos desde esse dia. A Saozinha trabalhava em casa e era só atravessar o passeio, para ir arranjar o cabelo. Passei pela moda da tigela e depois aderi à tão afamada permanente. Já faleceu, mas durante muitos anos foi a nossa cabeleireira. Daquela vez aquilo não correu bem, o cabelo ficou horrível, lembro-me da choradeira, mas não foi isso que me dissuadiu. Não me identifico com o cabelo liso, só os caracóis e os fios de cabelo desalinhados combinam comigo. Hoje voltei a achar que podia ser diferente e estiquei o cabelo, o que aliás não fazia há muito. Continuo a sentir falta do volume da ondulação, que entretanto se perdeu, afinal já lá vai mais de um ano, por isso está na altura de lá voltar e aderir novamente à ondulação. E não há nada a fazer!
É. Os pais precisam de falar pelos filhos: eles sabem muito bem que quem nos ama diz-nos por atos (e por omissões) qualquer coisa como: “sente-me em ti, pensa por mim e fala por nós”. E, de facto, os pais às vezes sentem, pensam, mas não falam. Não falam nem por eles, nem pelos filhos. Ensinar pode fazer-se de maneira divertida, pode significar dizermos aos pais que estão obrigados a dar uma hora por dia aos filhos. Uma hora de mãe ou uma hora de pai, faz muito melhor do que o óleo de fígado de bacalhau para as crianças crescerem. E é necessário dizer aos pais que têm fazer, pelo menos, uma asneira de oito em oito horas. Os pais que não fazem asneiras não são bons pais.
Eduardo Sá
O desejo de ser mãe não é comum a todas as mulheres, sabemos disso, que preferem não ter filhos, outras vezes porque sentem a pressão da sociedade ou quando nem tão pouco se pensa nisso, simplesmente engravidam. Sabemos que há sonhos que não se concretizam, que muitas mulheres travam uma luta tão dura e penosa. E percorrem um caminho feito de esperança mas dúbio. Muitas tentam resignar-se, outras vivem enfurecidas e não encontram resposta. Perdemo-nos na imensidão da palavra mãe e vemo-nos a braços com situações dramáticas de alguém que está ao nosso lado que queria tanto que lhe chamassem assim. E a dor que não passa, que a esperança fica diminuída quando sentimos que a injustiça é capaz de nos dar mais uma valente bofetada.
Quinta-feira, 24 de Novembro de 2011
Hoje foi um daqueles dias em que me deu cá um prazer em abrir a caixa do correio!
A Ervilha presenteou-nos com uma linda fita para o cabelo, feita por ela.
Umas mãos de fada, para além do enorme gosto.
Bem gira!
Obrigada pelo mimo!
O primeiro email alusivo à época de magia e esperança. Em tom de brincadeira, pois está claro, embora, com a crise no pensamento. Que é real todos sabemos, que os tempos que se avizinham serão de provação, mas que não sirvam de desculpa para tudo. Porque podemos dar muito de nós sem gastar um euro que seja. É sempre Natal, o ciclo repete-se a cada ano e basta querermos que aconteça magia. Não com a fartura que poderíamos desejar, mas a importância das coisas está na forma como as vivemos e sentimos. A meia na chaminé poderia encher-se de coisas magnificas, como uma viagem, ou até a maquina fotográfica que eu já pedi ao Pai Natal. Por certo vou ser mesmo daquelas que vou ter que esperar, quiçá até 2014, mas outros desejos bem mais fortes se levantam e esses, guardo no meu coração. Há-de ser sempre Natal, haverá sempre arvore e luzes a piscar. À mesa que não falte quem mais amo e assim tudo se compõe, mesmo que o Pai Natal se lembre de pregar umas partidinhas.
Os meus sapatos castanhos de camurça deram o ultimo suspiro. Morreram de morte natural e deles, guardo óptima recordações por terem sido sempre tão confortáveis e amigos dos meus joanetes. Descobri uns, que me iam com certeza fazer feliz, mas pretos e isso ia obrigar-me a voltar à estaca zero e continuar a procurar uns ditos castanhos. Que os havia noutra loja e dentro de três dias no máximo, podiam ser meus desde que os pagasse ali na hora. Então não? Então ia sair da loja de mãos a abanar e carteira vazia? E se depois de experimentar os sapatos castanhos não gostasse de me ver com eles, ou não me assentassem bem? Aí devolviam o dinheiro mas entretanto ficava sem sapatos e com a carteira mais leve. Não gostei da atitude, nem tão pouco válida a desculpa, de que muitas encomendas não estavam a ser levantadas, que a troca de artigos de loja para loja estava a ser muita. Trabalhinho, é o que é. Saí irritada e agora se os quiser experimentar em castanho lá terei que ir a outro shopping e acreditar que o parzinho 37, está à minha espera.