Terça-feira, 18 de Agosto de 2015

Sem correr há uma semana. E nas semanas anteriores devo ter corrido uma ou duas vezes, não mais do que isso. Sentimentos contraditórios, sem vontade.... Uma luta interior tão grande... Acordava todas as manhãs a dizer que ia e terminava o dia com uma desculpa. Havia sempre uma desculpa. Foi assim por tantos dias. E qualquer coisa serviu para adiar. Muita promessas e muita conversa. Daquelas que proferimos em surdina. E senti-me frustrada, triste, desanimada. Mas não consegui contrariar. Quase um mês em guerra... Todos os dias a cabeça foi mais forte que o coração. Ontem senti diferente e fui. Corri grande parte do tempo sozinha, como aliás já é o habitual e senti-me viva. Só viva! Os pensamentos que nos assolam podem ser devastadores e têm o poder de castrar a nossa felicidade. É assim. Num ápice boicotam-nos a vida, se não formos capazes de deixar falar o coração. Esse sabe o que nos faz bem, o que realmente importa. Os pés neste caso dão só uma pequena ajuda. E a cabeça se não a perdermos, às vezes vai-se o discernimento e o juízo.
Sexta-feira, 7 de Agosto de 2015
Falta poesia às palavras. Se bastasse um lápis e um papel para escrever. Falta a vontade de criar, falta a força para sorrir. Falta atitude. Não há doçura em mim, só pena. Não há querer.
Segunda-feira, 3 de Agosto de 2015





Em jeito de comemoração pelos nossos 15 anos de aniversario de casamento, bem poderiam ter sido 15, mas ontem corremos apenas 11 quilómetros. Saímos de casa apenas com a certeza de que iriamos andar pelo meio do monte, não preparámos o circuito, e já com a noite a cair, era melhor nem nos metermos em grandes aventuras. Uma semana quase sem correr, ainda assim desde que comecei esta aventura, neste mês de Julho, corri como nunca corri noutra altura. Nunca tinha fechado um mês com tantos quilómetros, 170 foi o número de Julho. Depois do ultimo trail e de ter passado tempos infinitos no meio do monte, questionei-me. Mergulhei em dúvidas e cansaço e afoguei-me em desânimo. Ontem lutei contra mim mesma e fui resgatada do marasmo em que me coloquei. Desbravámos o monte com o nosso corpo, hoje mais pareço um cristo, tenho as pernas e os braços todos arranhados. Perdemo-nos sem saber para onde ir, por duas vezes tivemos que saltar muros enormes. Cansei-me tanto, mas tanto. Enchi-me de pó e satisfação. As feridas arderam o caminho todo e arderam ao tomar banho. Hoje não as sinto. Tenho apenas as marcas, que hoje escondi com as calças que vesti. Já nada dói e se continuo a ter dúvidas, não é em clima de inércia que obtenho respostas. Os monstros enfrentam-se. E é isso que farei. Sou bem mais feliz assim. Disso não duvido, ainda que outras incertezas me possam acompanhar.