Posso afagá-lo antes de dormir, contar-lhe a história do livro preferido, acender a luz de presença ou fazer um nó no lençol. Falar-lhe baixinho ao ouvido, ouvir as peripécias do dia, que ele insiste em contar ou simplesmente sentar-me a seu lado enquanto o sono vai chegando.
Posso até deitar-me ao lado dele, dividir o mesmo travesseiro e senti-lo respirar junto ao meu pescoço. Até posso deixar que se deite na minha cama, que adormeça em paz, mas nada disso impede muitas vezes, os sonhos maus. Aqueles sonhos que os amedrontam, que os assustam, que os fazem acordar alagados em lágrimas durante a noite, que os inundam de medo.
E depois repetimos tudo de novo. Deitamo-nos a seu lado, damos-lhes a mão e cantamos uma canção em tom baixo, mas o sonho, esse, não temos como o impedir e ele vem sem pedir licença.
Um destes dias, sonhou com um comboio e que tinha morrido. Lembrava-se de todos os pormenores, do que tinha provocado o acidente, dos momentos seguintes, da cama de hospital, de quem estava a seu lado, de como lhe ralhei pela distração e de como tudo terminou. E o que me contou, deixou-me arrepiada e quanto mais o ouvi, mais assustada fiquei. Ele conhece bem aquela passagem e atravessa-a com alguma frequência, eu diria. E ás vezes sonhamos com coisas que parecem surreais mas outras vezes, tão próximas de nós, que nos assustam mesmo.
. Caminhos
. Insónias
. Sunset
. Taxa de álcool no sangue!...