Algum dia o poema será a buganvília pendente deste muro da Calçada da Graça. Produz uma semente que faz esquecer os jornais, o emprego e a família, e além disso tudo atapeta o passeio alegrando quem passa. Mas antes desse dia há-de secar a buganvília e o varredor há-de levar as flores secas para o monturo. Depois cairá o muro. E como o tempo passa mesmo contra a vontade, também há-de acabar a Calçada da Graça e o resto da cidade. Então, quando nada restar, nem o pó de um sorriso que é o mais leve de tudo que se pode supor, será esse o momento de o poema ser flor, mas já não é preciso. António Gedeão
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