A noite de hoje foi bem diferente da noite de ontem.
Combinamos que depois do trabalho a ia buscar a casa.
Fomos às compras, só as duas e foi especialmente bom.
Conversamos, como duas amigas e tornamos uma saída banal num momento só nosso.
Esta cumplicidade não é uma característica da nossa relação de mãe e filha, nunca foi, mas ao longo dos últimos anos tem existido uma aproximação como não houve quando era jovem.
Eu não era nada caseira, sempre gostei de laurear a pevide, ao contrário da minha mãe, sempre no seu canto.
Hoje insistiu para que saíssemos, partiu dela o convite.
O meu pai jantou sozinho e por vontade da minha mãe também tínhamos jantado fora de casa.
- Comemos uma pizza? Que dizes, jantamos por aqui?
- Então e o pai, não está à tua espera? Perguntei eu.
- Não, ele come qualquer coisa, não há problema.
Naquele momento os papéis inverteram-se.
Recusei o convite e fomos juntar-nos ao meu pai.
Quando chegamos, já tinha terminado a refeição.
Provavelmente numa outra época se teria insurgido contra a ausência da minha mãe, teria reclamado da falta de companhia para jantar.
Numa outra época, não agora, não hoje.
Sorriu-me quando lhe beijei a face.
Concluiu que demoramos pouco e que podíamos ter aproveitado um pouco mais o passeio.
Percebi como lhe agradou o facto de estarmos juntas.
A preocupação que sentem em relação ao meu bem estar, exige deles uma presença constante e atenta.
Os pais são assim, preocupados, quando amam.
Uma mãe reconhece a tristeza, mesmo que camuflada por um sorriso.
Os olhos de uma mâe vêem tanto, quanto sentem aquela dor calada que um filho insiste em esconder ou dissimular.
O amor de mãe tem este poder, esta força, tem destas coisas.
. Caminhos
. Insónias
. Sunset
. Taxa de álcool no sangue!...