Sexta-feira, 16 de Março de 2012
Ter 10 anos, é saber que está no período da pré-adolescência e que de um momento para o outro, ou gradualmente, mas sem nos darmos verdadeiramente conta disso, as coisas mudam e nós pais, temos que crescer. A adaptação é crucial, mas entenda-se difícil, pelo menos para mim e acredito, para a maioria dos pais que ama e se preocupa com os filhos. E a integração em grupo e as dificuldades com que se deparam para que sejam aceites, é provavelmente o ponto que mais me preocupa, porque deixam aos poucos de ter entidade própria, aquela que lhes era tão carateristica, só para poderem agradar sem sofrerem represálias e comentários cruéis das outras crianças. Não deve ser fácil para uma crianca, mas não é certamente fácil para o pai ou para a mãe. E depois vemos que querem crescer, ter autonomia e tomar as próprias decisões e deixa de ser importante a nossa opinião, porque certamente não vai de encontro ao que encontram lá fora, no grupo de amigos, na biblioteca da escola, no banco do autocarro, na cantina ou mesmo na sala de aula. E as mentiras sucedem-se em catadupla e nós pais esquecemos-nos que já fomos assim, mas a imposição de limites tem de continuar, não vá acontecer de perderem o norte de um momento para o outro. É difícil educar, acompanhar, perceber quando nós próprios, estamos a pisar o risco e a sufucar. É devastador sentir que deixaram de ser a crianca de outrora, porque apenas cresceram e não vão mais parar de o fazer. É difícil saber o que fazer no momento certo, é viver em sobresalto, porque cada vez mais deixam de ser nossos, para pertencerem ao mundo. E ainda hoje não me habituei à imagem que se repete tantas vezes pela manha, quando o deixo à porta da escola. É mais um miúdo, no meio de dezenas de miúdos na grande maioria maiores do que ele, alguns quase adultos até e em segundos perco-lhe o rasto, porque ele não faz como outrora. O bracito já não se levanta em jeito de aceno e no meio da multidão distancia-se da minha linha de visão. Não é fácil ser adolescente, palavras dos especialistas, mas os pais não estão com toda a certeza numa posição mais confortável e os anceios são enormes, os receios muitos, mas o amor cresce a cada dia. E se falhar faz parte, não desistir, são palavras de ordem. Porque o amor por um filho é incondicional e insistir na educação, aprender com a adversidade, ajuda-lo a crescer de uma forma saudável e feliz é outra forma que existe, de os agarrarmos ao colo e aperta-los contra o nosso peito. Não importa a idade e o tamanho, porque há muitas formas de dar e receber um afago.