Sexta-feira, 6 de Abril de 2012
Das técnicas de fertilização pouco sei, mas o desgaste psicológico que provocam é evidente e aterrador. Convivo de muito perto com duas experiências de vida, idênticas, duas tentativas de fecundação, espaçadas apenas, por uma mão cheia de dias. Duas mulheres que também se conhecem, que trabalham juntas inclusivamente e que choram no ombro uma da outra. Partilham experiências e afectos e dentro de poucos dias saberão se estão perto de concretizar o sonho de serem mães, ou não. O desespero é enorme e durante as duas semanas de espera, a vida pára. Escolhem o isolamento e temem uma qualquer palavra ou pergunta. É impossível não fazer planos. E mesmo que proíbam esses pensamentos mais ousados, eles arranjam sempre uma forma de lhes assaltar o coração e de lhes fazer frente. Tentam abstrair-se daquele que parece ser o seu único pensamento e se o fazem por uns escassos minutos, logo lhes vem ao pensamento, o sonho de uma vida. Não sei se a luta dos últimos anos foi em vão. Não sei se tem que ser assim. Não sei se acaba aqui. Sei da alegria que sentem quando vêem um bebé e o pegam no colo. Sei da angustia que carregam e da frustração que as consome. Uma tristeza sem fim nuns olhos carregados de água.
De Susana neves a 6 de Abril de 2012 às 09:25
Bom dia. A infertilidade é, de facto, uma grande dor e uma prova de vida para o casal.
Uns dos meus melhores amigos passarm por isso. No início nem queriam ouvir falar em adopção. Submeteram-se a todo o tipo de, dolorosos, tratamentos.
Eu, que sempre defendi a adopção, não entendia o porquê de tanta insistência. É sempre fácil falar da vida dos outros.
Até que chegou o dia em que os médicos disseram que não havia mesmo nada a fazer e eles iniciaram o processo de adopção.
Quando falámos sobre isso, perguntei à minha amiga porque é que tinham mudado de opinião. Respondeu-me que sentiu que, primeiro e por diversos motivos, tinha de tentar a maternidade biológica. E que só quando tentaram tudo se sentiram preparados para um processo de adopção.
Quando lhes ligaram da Segurança Social, ficaram um pouco apreensivos. A "proposta " não encaixava naquilo que sempre sonharam. Não era um bebé. Eram dois meninos, de 5 e 9 anos.
Depois dos primeiros minutos de hesitação, avançaram. O processo de adaptação correm lindamente e ninguém diria que aqueles meninos não foram concebidos por aquele casal.
Uma história com final muito feliz.
Espero que as tuas amigas alcancem a felicidade também.
Um eijinho
De
susana a 7 de Abril de 2012 às 14:51
Olá Susana, é mesmo uma situação muito delicada e dolorosa. Beijinho
De Isabel a 6 de Abril de 2012 às 19:27
Olá!
Sei bem do que fala, durante 5 anos travei muitas batalhas, mas felizmente consegui ganhar a guerra. Custavam-me muito os resultados negativos era uma dor na alma, no coração muitas vezes (quase sempre) tive de ser forte e não deixar transparecer a minha dor pois os que me rodeavam família e amigos) sofriam tanto quanto eu. Um abraço muito forte as suas amigas. Se agora não tiverem o resultado que desejem de lhes um abraço bem apertado e deixe-as chorar no seu ombro é só isso que nesse momento precisamos (um ombro amigo).
Isabel
De
susana a 7 de Abril de 2012 às 14:54
Olá Isabel, sentimo-nos mesmo impotentes e não parecem fazer sentido as nossas palavras, parecem tão superficiais, comparadas com tudo aquilo que elas sentem.
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