Das técnicas de fertilização pouco sei, mas o desgaste psicológico que provocam é evidente e aterrador. Convivo de muito perto com duas experiências de vida, idênticas, duas tentativas de fecundação, espaçadas apenas, por uma mão cheia de dias. Duas mulheres que também se conhecem, que trabalham juntas inclusivamente e que choram no ombro uma da outra. Partilham experiências e afectos e dentro de poucos dias saberão se estão perto de concretizar o sonho de serem mães, ou não. O desespero é enorme e durante as duas semanas de espera, a vida pára. Escolhem o isolamento e temem uma qualquer palavra ou pergunta. É impossível não fazer planos. E mesmo que proíbam esses pensamentos mais ousados, eles arranjam sempre uma forma de lhes assaltar o coração e de lhes fazer frente. Tentam abstrair-se daquele que parece ser o seu único pensamento e se o fazem por uns escassos minutos, logo lhes vem ao pensamento, o sonho de uma vida. Não sei se a luta dos últimos anos foi em vão. Não sei se tem que ser assim. Não sei se acaba aqui. Sei da alegria que sentem quando vêem um bebé e o pegam no colo. Sei da angustia que carregam e da frustração que as consome. Uma tristeza sem fim nuns olhos carregados de água.
. Caminhos
. Insónias
. Sunset
. Taxa de álcool no sangue!...