Domingo, 5 de Agosto de 2012
É no mês de Agosto que chegam os emigrantes. Chega a família, que de ano para ano se vê aumentada. Já não são só os tios e os filhos, são os namorados e as namoradas dos filhos, as esposas e os maridos e os seus próprios filhos. A mais nova geração em toda a seu força, em número e em género, feminino, o mais dominante. Os reencontros entre os petizes transformam-se em momentos de encantamento. Num ano que passa, as crianças dão um pulo enorme, mudam de feições, e a maior parte das conquistas passaram-nos ao lado, como os primeiros passos, as primeiras palavras, o primeiro dente, mas apesar disso, a aproximação acontece, da forma mais espontânea possível. A separação que a própria distancia criou com a passagem de mais um ano quase desaparece nesta partilha de momentos. E o reencontro é especialmente apreciado pelas crianças. Mesmo que nos primeiros momentos prevaleça a timidez, rapidamente se dissipa e nem a língua é um entrave. Entendem-se na perfeição e as brincadeiras transformam-se em momentos tão puros. Os meus filhos estão nas sete quintas, adoram a prima que nasceu, que ainda só conta com 4 meses e já são bem visíveis os momentos de ternura que partilham entre si. Têm cá os primos de França e neste fim de semana, uma das primas de Tomar, e o mundo deles está por estes dias muito mais colorido. Precisam destas relações, desta complementaridade de afetos, que não existe no dia a dia. Têm os amigos da escola, mas a relação com os primos, com os filhos dos primos tem outra dimensão. E essa lacuna conseguem preenche-la nesta altura do ano. E a felicidade invade-lhes o rosto quando marcam encontro para o dia seguinte, quando as brincadeiras não têm fim e quando falam e se divertem, como se privassem desde sempre, a toda a hora. É preciso muito pouco, para viver um momento de felicidade, e eles estão tão felizes. De tal forma que adormecem de rastos, vencidos pelo cansaço, mas quando acordam pela manha, é hora de novo recomeço e as brincadeiras, essas, não podem esperar. E não entendem quando lhes pedimos calma, porque o mundo não acaba, dizemos nós. Mas no fundo, somos nós que não os entendemos, porque nos esquecemos que já fomos assim.