
Nem sempre foi assim. O crescimento dos filhos e as exigências com que nos confrontamos com o passar dos anos, fez com que o ano novo nascesse com outro nome: Setembro.
Para trás ficam as ferias, supostamente tempo de descanso e renovação. Tempo de assimilar toda a energia possível, para voltar a viver as novidades de mais uma etapa, a partir do momento que chega Setembro. E não é só em meados do mês, é logo no inicio, os portões da escola abrem-se muito antes, com a azafama e a preparação do grande dia: o primeiro dia de aulas. Esperamos com expectativa o arranque de mais um ano e especulamos sobre tudo. O novo horário, os professores, os amigos, novas matérias, mudanças, novas rotinas e grandes adaptações. A promessa de que o novo ano seja promissor, já não é um desejo de Dezembro, é uma esperança que nasce quando os portões da escola se abrem, em Setembro. As nossas rotinas e os nossos horários fazem-se de espera, enquanto os horários da escola e das actividades extracurriculares não se definem. É o momento chegado de acertar agulhas, de acreditar que chegou a nossa hora e desta que vez, há-de haver tempo suficiente também para nós, sem culpas.
Tudo isto em Setembro. Em Dezembro quando o Natal se aproximar e com ele o novo ano, já as metas estão há muito estabelecidas, já existe planeamento, já as promessas de vida vão tomando a sua forma e os sonhos e as expectativas, há muito se vêm a cumprir, desde Setembro, pelo menos.
Tem sido assim nos últimos anos. Depois das férias vê-se e se for preciso, altera-se. Agora não vale a pena, só depois das ferias. Temos que esperar, para definir. Decidir agora, é tempo perdido, só quando a escola começar. E assim se compõe os dias, enquanto os portões da escola se abrem e se escancaram diante de nós. Estou ansiosa que comece. E ontem quando olhei para a minha agenda e para os infindos apontamentos, dei por mim a pensar que aquela agenda passou a ser pequena para tantos afazeres. Afinal era a agenda do trabalho, e os dias mantém o mesmo número de horas de sempre. E gatafunhos e rabiscos para que nada fique esquecido. Que é preciso ir ali e acolá. Ligar outra vez em tal data e estar presente em sítios distintos no mesmo dia, à mesma hora. Assim com outra agenda, talvez seja mais apetecível e não pareça tão difícil de concretizar, os quinhentos afazeres a que nos propomos. A ver se ajuda, que ás vezes a determinação não chega, é quase suficiente mas não chega.