Segunda-feira, 22 de Outubro de 2012
Nunca o blog esteve neste estado. Tão apagado como se estivesse em obras. Nos intervalos de um ou outro post que aqui vou colocando, já pensei em desistir. Escrevi varias vezes a esse respeito mas voltei atras, recuei. Não sei muito bem porquê, ou talvez saiba. Que não quero que a pagina deste livro se feche, é mesmo isso. Ainda assim prefiro sabe-lo abandonado do que terminado. Ainda neste preciso momento me pergunto se vou continuar a escrever, se amanha cá voltarei, se daqui a duas ou três semanas já não está outra vez esquecido. Que deixei de gostar de escrever também não é verdade, mas a vontade de o fazer abrandou, isso é inevitável. Entretanto foram passando os dias e noutras alturas não teria deixado em branco, momentos que me encheram as medidas ou simplesmente datas tão importantes, como o ultimo casamento a que assisti, ou o aniversario da minha mãe. Abri e voltei a fechar o livro. As fotografias estão na máquina para serem editadas. Alguns momentos, adormecidos, na gaveta das memórias, à espera de serem revelados. Se o farei? Não sei.
Hoje e só por nós, tive vontade de abrir o meu livro. Hoje, amanha logo se vê se cá volto, se a vontade de voltar a escrever me acorda para a vida. Hoje tinha mesmo que escrever, que grande parte da partilha e das palavras de que o meu blog é feito, o devo sem duvida aos meus filhos. E a madrugada roubou-me o sono, mais uma vez e remeteu-me para aqui. E recordo os imensos momentos que aqui relato, que exponho, que partilho, deles portanto, dos meus filhos. Que são a minha vida e é deles que os meus dias são feitos. Que para mim, a família, é o sacramento maior. Uma vida a quatro. A estrutura que me sustenta e impede que eu desista, mesmo que vacile. Que me devolve a sustentação se cair. O blog que nasceu de um momento de renascimento, tornou-se algo que já me deu tanto prazer e hoje, a pensar nesses bons momentos, voltei. A minha casa hoje está em festa. O meu menino, hoje há-de apagar 11 velas e eu vou estar ali de olho nele. Vou aperta-lo bem forte e já nem vale a pena proibi-lo de crescer que afinal isso não vai acontecer, não é?
Momentos houve em que desejei que crescesse, para o ver comer, falar ou andar. Para que dormisse uma noite completa, para que fosse para a escola pela primeira vez. Hoje gostava que parasse de crescer, só um bocadinho, uns dias, umas horas. Só meu, como quando era pequenino. Nesse dia não importou o mundo. Hoje o meu bebé faz 11 anos e foi há precisamente 11 anos que o meu mundo mudou. Para melhor. Sou mãe, vivo entre alegrias e medos. Convivo todos os dias com o milagre da maternidade e o receio de falhar como mãe. Entre duvidas e certezas, entre o certo e o errado, entre o não e o sim, entre um carinho e uma palmada. Por entre uma lagrima de dor e decepção. Paredes meias com a ternura e a loucura. Hoje o meu coração está em festa, mas choroso e carente. Sou assim, piegas, muito piegas, fazer o quê?
Dizer que falho tantas vezes, que as duvidas me consomem a alma, que os meus dias se enchem de incertezas, mas que o amor por um filho é mais, a cada dia que passa. Onze anos de muito amor. De alegrias que só um filho é capaz de dar. Parabéns ao meu casula, que entretanto já beijei, mesmo que amanha não se lembre que fui ao seu quarto e tornei aquele breve instante, num momento só nosso. Como no primeiro dia. O mundo fechou-se para nós, ainda que por breves segundos e foi nesse tempo que fechei os olhos e o apertei contra o meu peito. Como quando o vi pela primeira vez. Uma segunda feira, como hoje. Pequenino e vermelhinho. Mal sabia chorar. A mesma contemplação, um amor maior, que não cabe no peito. Que transborda e me prende a respiração. Um amor infinito, inesgotável, que por momentos, enquanto dormias, arrebatei-te do mundo e abracei-te bem forte. Feliz dia, meu filho!