Domingo, 9 de Dezembro de 2012
Para chegar a casa, desçemos a rua, a mesma de sempre, que não há outro caminho senão aquele. Há cerca de dois meses que lá não íamos. Que não visitávamos a família em Tomar. As casas estão quase iguais, muitas acusam o Natal que está a chegar. Luzes ás portas em desalinho, alumiavam os nossos passos. Ainda era de tarde mas a escuridão dos dias encurta-os. As janelas ainda estavam abertas, as chaminés já fumegam que a temperatura estava baixa e havia muita humidade no ar. E fomos descendo a rua e recordando. Mas aquela janela já nem sequer estava aberta. As empanadas fechadas há meses, lembraram-nos que a morte esteve ali ainda este ano. Aquela que espreitava e nos vinha acenar, sempre. Nunca tinha falhado. Sabia-nos os passos e lá vinha ela. E acenava, sorria e saudava os meninos. Adeus! Dizia! Que se esta palavra para mim significa despedida, ali é saudação. Fez-me sempre confusão, é certo. Ontem não disse adeus! Ontem não sorriu, ontem não esteve lá. Não acenou. Não desejou saude. A janela estava fechada.
Ontem fomos nós que dissemos adeus!