Querido Pai Natal, estamos a poucos dias de nos reencontrarmos, mas o propósito desta carta nada tem a ver com qualquer pedido.
Não me lembro da última vez que te escrevi e mesmo depois da última carta que recebes-te, muitos pedidos te fiz.
Lembro-me de não serem pedidos fora do comum, se bem que o meu maior pedido, e aquele que repetia praticamente todos os anos, nunca era satisfeito.
Lembras-te de me ouvir baixinho, quando me deitava?
Recordas-te de tantas vezes te ter pedido que juntasses a família, naquela noite tão especial?
Era um desejo tão fervoroso....
Nem por isso deixei de acreditar em ti.
Os anos foram passando e lembro-me de ajudar a minha mãe para que o meu irmão não se apercebesse que estavas a entrar em casa.
Ele não te via, mas sabia que tinhas sido tu a deixar os presentes na cozinha, em cima do fogão.
Ainda me lembro do medo estampado na carinha dele, quando fazias tanto barulho a entrar em casa.
Pela minha mão lá íamos os dois bem devagarinho, à cozinha.
Aquela noite resumia-se áquele momento e pouco mais porque a família não estava completa. O meu pai não estava connosco e tanto te pedi.
Nem por isso deixei de acreditar em ti.
Ainda hoje acredito e é por isso que a Noite de Natal me deixa tão feliz.
Quem eu quero ao pé, agora está!
Estamos todos juntos.
Não te peço nada, por mais que haja sempre alguma coisa que gostasse de ter.
Peço-te apenas que deixes perdurar, ano após ano, o Natal como é agora.
Já que tarde concretizas-te o meu pedido, não deixes que ninguém falte na Noite da Consoada.
Os meus filhos acreditam em ti.
É pelas mãos do meu pai, vestido como tu, que eles recebem os presentes.
É por isso que a noite de Natal, ano após ano, é cada vez mais mágica.
Feliz Natal para ti, pai!
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