Quarta-feira, 4 de Fevereiro de 2015
O mais velho já não acha piada e muito raramente se aninha connosco. Uma ou outra vez, só porque dá jeito para pedinchar qualquer coisa ou desabafar um qualquer aperto. De resto, adora a cama dele e gosta mesmo de dormir sozinho. A mais nova, se pudesse, mudava-se para o nosso quarto. Deleita-se na nossa companhia. É um prazer e isso é notório. Não é medo, não é nenhuma fobia, nada, porque desde bebé, dormiu sempre sozinha. É puro prazer. Eu nem sempre acedo, porque depois, a meio da noite torna-se insuportável partilhar a cama com ela e lá é preciso levá-la ao quarto dela. Quando o pai não está, ela dorme no lugar dele e o mais velho apodera-se da almofada do pai. É sempre assim. Ontem fui eu que precisei de colo. Chamei-o, ela já lá estava, mas eu queria mesmo o colinho dos dois. E aninhamo-nos na minha cama. Ela, depois de deitar a cabeça na almofada, morreu para a vida e caiu num sono profundo, em menos de um fósforo. Se há alguém que adora dormir é esta miúda. Ele ouviu-me e acariciou-me a mão que estava entrelaçada na dele. Eu sabia que ele não ia adormecer ali, que a determinada altura, se haveria de querer ir embora. Continuamos a falar e fez-me uma confidência doce, sobre um momento do seu dia. Não comentei, reforcei o nosso abraço e apertei-o contra mim. E quando ele sentiu que o sono me estava a chegar e que a minha mão de forma involuntária se estava a desprender da dele, levantou-se, deu-me um beijo e desejou-me uma boa noite. Papéis invertidos literalmente.