(Immanuel Kant)
sabe muito melhor.
Um jantar com muita essência, como todos os outros, aliás.
Desta vez, mais especial, que uma amiga fez anos e brindamos à sua saúde, com muito carinho e muito fervor.
Já a noite ia longa e as palavras essas, mais pareciam cerejas, que compunham um diálogo mais ou menos embriagado, de assuntos tão sóbrios, como a família, a falta de apoio, a solidão e os amigos.
Partilhamos angustias, medos e vivencias melindrosas e aflitivas.
Todos se fizeram ouvir com a partilha de experiencias e conselhos sábios.
Palavras de conforto e compreensão, que enxugaram lágrimas sofridas, abraços protectores e sorrisos oferecidos.
E sinto que nesta noite muita coisa mudou.
Tornamo-nos mais cúmplices e com responsabilidades acrescidas.
icou claro que temos formas distintas de olhar a vida, que nem sempre concordamos com o que nos dizem, mas acima de tudo há que ter amor próprio e gostarmos de nós, antes de gostar de mais alguém.
FDar, significa ter.
E mais uma vez brindamos em nome da amizade que nos une.
Sem felicidade, ou sem gosto pela vida, não se consegue dar nada a ninguém, a não ser uma mão vazia.
E só faço mal a quem
me julga ninguém
e faz pouco de mim.
Quem me trata como água
é ofensa, pago-a!
Eu cá sou assim."
Vossa mercê tem razão
e é ingratidão
falar mal do vinho.
E a provar o que digo
vamos, meu amigo,
a mais um copinho! |
Amália Rodrigues |
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E foi a vez da Invicta nos receber de braços abertos.
Mais um cumbíbio, mas as coisas ficaram logo tremidas, ali na mesa, quando nos obrigou a comer sopa.
Nós que estamos habituados a encher o bandulho com os aperitivos e com cerveja, vimos aquele jantar a dar para o torto, em menos de nada.
Enganamo-nos, a sopa de peixe estava deliciosa mas não fomos na cantiga de voltar a repetir, se não, bem que não morfavamos mais nada.
Seguiu-se uma exigência, que as senhoras de Braga e Sanguedo, não fazem por menos e champanhe é o que bebemos e foi o bota a baixo.
Que é bebida que agora não pode faltar, enquanto houver jantar da Essência do Mau Vinho.
As conversas estavam tão saborosas como as sobremesas, que a nossa gestora de limpeza caprichou e os bolos estavam um must.
Muito riso, muitas gargalhadas e muita conversa, sempre com mau vinho, que o mote da conversa deste jantar rodou essencialmente à volta da gestão do nosso tempo e das prioridades da nossa vida.
Os gajos, quase sem voto na matéria e a modos que para o apagadinho, agarraram-se à televisão.
Ficaram de castigo e as boas, ou seja, nós, fomos à Avenida dos Aliados a um Café muito catita, por os pontos nos iiiii, das conversas que tinham ficado a meio, tal como o resto daquele bolo que ficou em cima da mesa, mas depois desapareceu para todo o sempre, antes de nos deitarmos.
Que a falta de tempo é muita, que não há tempo para nada, que é sempre tudo a correr, que as tipas trabalham como umas desgraçadas, madrugam, chegam a casa muito tarde, nem tempo, imagine-se, para ler um e-mail, coitadas.
E depois ficam desactualizadas, perde-se o fio à meada porque entretanto, já houve alguém que mandou mais de uma dúzia de mensagens a marcar e desmarcar encontros e o pessoal não se entende e a idade já pesa e mau vinho piora tudo.
É oficial, que agora não se envia um único e-mail sem pedido de recibo de leitura, porque há desgraçadas que continuam a trabalhar muito e sem tempo para ver se têm algum e-mail na caixa de correio.
Que mau vinho, pá! Porque se não fosse a presença da D. Maria Emília, olha que tinhas ouvido umas boas e ainda te dávamos uns açoites.
Vamos lá gerir melhor o tempo, tá? Que 24 horas por dia dá para muita coisa, sim?
De resto, vamos continuar tal e qual, animadas e bem dispostas.
Com os gajos, é outra conversa, temos que os por na linha, ou deita-los à tarde nas noites de Essência, que já não aguentam uma gata pelo rabo.
Ah! E de manha levantar mais cedinho para aproveitar o solzinho, tá bem?
Que quem se deita ás 3 horas da manha, não consegue estar fresco ás 9 horas, não?
E depois de Aveiro, foi a vez de Braga nos receber de braços abertos.
Desta vez não faltaram os membros mais novos, que se portaram muito bem e se divertiram bastante.
O mau vinho do costume e as risadas de sempre são dois dos ingredientes a que já nos habituamos a cada encontro.
Conseguimos descomprimir de uma semana intensa de trabalho e preocupações.
Os amigos ajudam a relaxar.
Este encontro ficou essencialmente marcado pelas calinadas de alguns, pelas trocas e baldrocas na construção das frases, pelas moscas de plástico, pelos sujos, pelo bacalhau com natas, pelo queijo de ervas do Pingo Doce, pelas papas de sarrabulho e pelo Lambrusco fresquinho.
Um brinde à Essencia do Mau Vinho.
Que óptima colheita.
Um óptimo fim-de-semana. Está para breve o encontro da Essência e ainda bem, porque já sinto a falta dos meus amigos e saudades de umas boas risadas.
Também tenho mau vinho, eu sei que tenho mau vinho, mas quem da Essência não tem?
Shiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii, agora é que vão descascar em mim.
As divergências, as opiniões distintas de cada um, não têm que abalar qualquer relação. Somos todos diferentes, com vivências diversas, com estilos de vida próprios, mas quê? Há problema nisso? Claro que não!
Partilhamos experiencias, trocamos opiniões, dividimos as nossas tristezas mas aproveitamos para multiplicar as nossas alegrias.
Quiçá, até debater mais, que seja religião, sexo, saúde ou futebol.
Vamos continuar a fomentar a conversa sobre temas arriscados, como adultos responsáveis que somos, acho eu.
Isto, enquanto ainda há tempo, enquanto podemos.
Lá virá o tempo, daqui a uns anitos, muuuuuuuitos, que não nos iremos lembrar das conversas.
Quando formos mais velhinhos, muito velhinhos, alugamos um autocarro, ou contamos com a colaboração do mais novo para nos levar às jantaradas.
Pelo sim pelo não, vou ofereço-lhe a carta de condução quando fizer 18 anos, para não ter desculpa, isto se ainda quiser fazer parte da Essência.
Nessa altura, só nessa altura, as nossas conversas serão outras.
Conversas das dores nos ossos, nas artroses, na falta de sexo, dos gajos bons e das gajas boas, troca de bulas de medicamentos, quem toma mais medicação e para quê, trocamos xailes e dividimos a mantinha, enquanto vemos a novela na TV, falamos mal de tudo e de todos, do puto do governo e das reformas de merda que nos pagam, descascamos nos netos, sobrinhos e afins, contamos cabelos brancos, falamos das melhores marcas de fraldas de incontinência e recordamos os nossos tempos áureos.
Até os jantares vão ser menos complexos: só purés, sopa, fruta ralada, apenas água para os que tiverem a tomar medicação, e pouco mais, porque na velhice o apetite não é o mesmo.
Enquanto esses tempos não chegam, aproveitemos para rir muito, dançar bastante e passear.
Tal como se faz com o peru, em vésperas de festa, vamos rechear os encontros da Essência com muitos brindes, pela Amizade, pela tolerância, pela liberdade de expressão e tudo com muita alegria.
reuniu-se depois do Natal, em casa da trabalhadora Independente.
Os amigos do costume, toda a Essência esteve em peso, e a ver pelo que se comeu nos últimos dias, mais peso que o habitual.
O membro mais novo também não faltou assim como também fomos presenteados pela companhia da minha filhota, que ainda não faz parte da Essência.
Mais parecia um jantar de Natal, tais eram as iguarias.
Não faltou o Bolo Rei, o Bolo Rainha, os frutos secos, bom vinho, champanhe, muitas gargalhadas e brincadeiras.
A diversão foi uma constante.
Os bons momentos passados entre amigos não são condicionados pela dimensão de uma casa, pela distância que os separa, pela religião, pelo estado civil, crenças, o que for.
A amizade vai muito mais longe, é capaz de derrubar qualquer barreira, ser incondicional e verdadeira.
A Essência do Mau Vinho é tudo isto.
Em jeito de balanço, os encontros da Essência ao longo deste ano, foram fabulosos.
Juntos fizemos a festa do pijama, celebramos vários aniversários, percorremos o Gerês, visitamos várias cidades, conhecemos em conjunto lugares diferentes, criamos a Essência, refinamos os nossos encontros com partilha de mensagens e poemas sobre a amizade, garrafas únicas de uma colheita especial, criação de guardanapos, tanta coisa só nossa.
Haverá um outro jantar, o último deste este ano que está quase a terminar.
Que o ano de 2010, seja tão bom ou melhor que este.
Deixo apenas um desejo, que os jantares da Essência ultrapassem fronteiras e que o próximo ano nos leve a outras paragens, a um outro país que não o nosso e que nenhum de nós conheça.
Que a descoberta em conjunto seja o mote para uma viagem inesquecível.
Que a chama da Essência do mau Vinho nunca se apague.
Saudações vinhateiras
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