Pois bem, aqui o estaminé está a ganhar pó e teias de aranha, já que não lhe abro as portas há algum tempo.
Estou bem, mas o tempo não tem sido muito, para parar por aqui e abrir as janelas de par em par e escancarar ideias e fotos.
A cabeça tem funcionado a mil, que ainda há muitas decisões para tomar e estou a bem dizer perdida como uma tola no meio da ponte. Eu bem digo que Setembro é recomeço.
Setembro é novidade.
Setembro é começar de novo.
E a tomada de decisões é fulcral e urgem as respostas.
Por estas bandas, a escola só começa na segunda feira, curiosamente para os dois.
Este ano correu bem, que não se vão atropelar as apresentações e se para um é de manha, para o outro é de tarde.
Os dois estão ansiosos e impacientes com o primeiro dia de aulas.
Ontem estudamos juntos Inglês, o que aliás é habito, que ainda há falta de método de estudo e a preguiça e a despreocupação total levam-no por caminhos menos bons. Os testes somem e seguem e vem aí a segunda rodada. Sem controlo sobre o tempo, perde-se em pequenas coisas, muitas vezes com nada. E tudo isto depois de um dia extenuante de trabalho, de toneladas de cansaço, mais o peso que sinto em mim que não teima em desancar. Estudamos juntos e já roto de sono e cansado senti-o com muitas dúvidas em relação à matéria de estudo. Também ele vive momentos alucinantes, em correria constante, de casa para a escola, para a academia, com os minutos contados, sem grande tempo para brincar. Depois vale-se das aulas para isso mesmo, que os intervalos curtos não lhes permite gastar tantas energias acumuladas. Depois vêm os ralhetes, os recados na caderneta, as repreensões em casa, as promessas de que se irá comportar melhor. O desgaste emocional de um fim de dia que se dissipa enfim com uma noite de sono. Dias loucos e caóticos que têm passado, nos últimos tempos a correr. Desta sensação de vazio, num copo cheio de tanto, que acaba sempre por transbordar. E ás vezes penso que se atirasse tudo para o ar, aliviava o costado, mas certamente surgia o peso na consciência e o que é que acontecia com o sentimento de dever cumprido, deixava de me acompanhar?
A minha princesa voltou a chorar na escola. Não quer ficar e agarrou-se ao pai. Correu tudo tão bem no inicio, que agora anda a descambar. Diz que uma menina a chateia mas é a ela que o professor ralha. Custa tanto deixa-los assim. Ás vezes sabemos que é mimo, reclamam a nossa atenção e agem desta forma. Ainda assim, ficamos com o coração nas mãos.
É única palavra que me ocorre, quando penso nesta semana que terminou. A primeira semana de escola. A mais nova integrou-se e gostou do professor. Com o mais velho, as coisas foram um bocado diferentes, não tanto pela adaptação à nova escola mas pelo ensino articulado. Logo no inicio da semana só me ocorreu desistir. Tinha sido muito mais fácil mandar tudo para as urtigas e baixar os braços. Se a criancinha um dia mais tarde quisesse aprender, depois se via, mais tarde, não agora. A articulação entre pais, academia e escola tem sido nula, desde o inicio. Há muitas duvidas ainda no ar e ninguém que se digne a ameniza-las. Ora, este é o nosso país, o nosso ensino, a educação que nos querem fazer chegar. O ensino gratuito não dá direito a reclamar, pensam eles! O tanas, digo eu! É gratuito, o que é que estes pais querem mais, pensam eles! É preciso contrariar a maré. Por isso baixar os braços também não é solução. Desisti de desistir e nestes entretantos vamos aprendendo coisas novas e relembrando antigas. Vamo-nos apercebendo das coisas que os nossos filhos gostam quando não intervimos com os nossos riquíssimos palpites. Entre Coro e Orff, preferiu o coro. Adorou os exercícios que desenvolveu nas duas aulas e escolheu o Coro. Quando ouvi pela primeira vez a palavra, escrevi-a no caderno de apontamentos, para pesquisar. Orfe não me levava a lado nenhum, que a palavra afinal estava mal escrita, mas agora sei que os instrumentos Orff são conhecidos como os instrumentos de percussão. Que significa bater. São os instrumentos em que se bate com a mão, com baquetas ou com o próprio corpo. Ele preferiu ser menino do coro. Ele está a gostar, vale o esforço, mas os pais quase desesperaram.
Contei com a ajuda preciosa dos meus pais que levaram a mais nova à escola. Uma estreia para quase todos. Afinal a professora passou a ser um professor, mas acho que foi maior o meu susto, do que dela. Amanhã já se cumpre horário na integra, com aulas para ambos. Vivi momentos de ansiedade, mas não fui a única. Mães e alunos partilharam deste sentimento e só escaparam, aquelas mães que já passaram por experiência idêntica, em anos anteriores. Ainda há muita imaturidade no ar. Ou atitudes próprias destas tenras idades. Uma adaptação progressiva. O mais velho ainda não adormeceu. Já deu voltas e voltas na cama. Boceja e vira-se, mexe-se e torna-se a virar. Continua ansioso, aquela cabeça já assimilou tanta coisa nova mas ainda não conseguiu processar tudo! Amanha decerto o dia será mais calmo. Tem mesmo que ser e ainda bem que temos o fim de semana à porta.
Uma turma de 20 meninos. E o ultimo nome da lista, afixada naquela parede, era o dele. As mães ansiosas, esperaram largos minutos, enquanto os horários iam sendo afixados. Tanta ansiedade, a nossa, não a deles!
Eu sou como tantas mães que existem por esse mundo fora.
Daqueles que gritam, esperneiam, castigam e embirram.
Mãe de lamúrias e de limites. Mãe autoritária e chata.
Mãe que ama incondicionalmente as suas crias.
Que se castiga muitas vezes por não ter feito bem, mas que se esforça e dá todos os dias, ou quase todos os dias, o seu melhor.
Mãe que falha.
Uma mãe como tantas.
Que acompanha os filhos e os idolatra.
Mãe presente e preocupada.
Não sei o que faça agora, que sei que os dois, começam o ano lectivo no mesmo dia, à mesma hora, em escolas diferentes. Sinto um aperto no coração, saber que vou falhar com um dos meus filhos na próxima quinta feira. Um dia tão importante e não vou estar a 100%. E optar ou escolher, ou simplesmente tentar contornar e não fazer disto um cavalo de batalha, seria mais simples, mas eu não sou assim, não funciono assim.
Cada momento é muito relevante e as fases, são isso mesmo, fases e a nossa presença é muito importante em todas elas. O pai também está angustiado, que vai estar longe, muito longe e só regressa uns dias mais tarde e a mãe está triste com este dilema.
O cansaço é enorme. Ajudou ter dormitado um bocadinho depois do almoço tardio, mas a moleza ainda é grande.
Hoje acordamos cedo, mais do mesmo, que ontem foi igual. A festa da mais nova assim o exigiu e a preocupação para que nada falhasse, arrancou-me ainda mais cedo da cama.
A azafama do penteado não pela dificuldade mas pela morosidade e pelos queixumes a cada penteadela devorou o tempo que não parou um minuto sequer. É verdade que os cabelos cumpridos exigem uma maior manutenção e no que toca a penteados feitos por amadoras como eu, o processo torna-se bem mais moroso e não raramente sai bem à primeira.
O facto de ser perfeccionista não abona a meu favor e recomeçar de novo é muitas vezes a solução. Ás vezes desejava não ser assim, que o facto de querer controlar e desejar que tudo saia bem e não me permitir errar ou falhar, deixa-me esgotada.
Correu tudo bem, uma manha feita de aplausos, de orgulho, alegria, emoções e muitas lágrimas. Se por um lado sou exigente, rigorosa e grave, também me derreto com uma facilidade ainda maior e não só com os meus filhos, que as outras crianças também me emocionam e bastante.
Vê-la dançar é algo que me emociona de uma forma inexplicável. Talvez pelo facto de ser algo que eu própria adoro e sentir que ela também sente um enorme prazer pelo mesmo. Vibra com a música, o corpo cede e os movimentos tornam-se graciosos.
Depois de uma breve actuação de Ballet, onde deu vida a uma linda borboleta, dançou a valsa.
Todos os finalistas se vestiram a rigor e se eles próprios não tiveram noção do impacto que provocaram na plateia, já os pais e todos que tiveram o privilegio de vivenciar aquele momento, não o irão certamente esquecer.
Por detrás de uma actuação tão doce, estiveram com certeza muitas horas de treino.
Este tipo de festa provoca muita tensão, que todos anseiam a perfeição. Todos os envolvidos estão de parabéns, que a festa foi mais uma vez lindíssima, apesar do enorme calor e dos nervos.
Um mês intenso, que agora tenho em casa dois finalistas, que se preparam para dar mais um passo e subir um enorme degrau.
A vida é mesmo assim, uma escadaria que não sabemos quando termina, feita de inúmeros patamares, de degraus que nem sempre têm a mesma altura. Ás vezes consegue-se subir a correr ou saltar os degraus aos pares. Outras vezes fazemo-lo com ajuda, a medo, ou mesmo com desconfiança. Recuar um degrau também pode ser importante para nos darmos conta da cadencia dos nossos passos. Sempre sem pensar em desistir, que o caminho faz-se caminhando.
Sempre a subir.
Está crescido o meu rapaz e também crescem os meus medos e as minhas alegrias.
É um menino traquina como qualquer criança da sua idade.
Hoje esteve particularmente feliz e sentiu-se um verdadeiro finalista, um herói e foi com um enorme orgulho que partilhou as vivências na escola.
A capa, a cartola, a bengala, as fotos, as dedicatórias, tudo será guardado com muito carinho!
Uma escola que vai deixar saudades e como a irmã lhe vai seguir agora as pisadas, certamente, que muitas serão as vezes, em que irá querer lá voltar!
. Ausente, bem ausente ... ...
. 5° B