O livro comprei-o no passado sábado, numa pequena feira, em Melgaço. A vontade de o ler, fez-me abrir o livro, ainda nessa noite. Fui devorando aquelas páginas e fazendo pequenas dobras nas folhas com algumas passagens que sabia mais tarde, ia querer partilhar em voz alta, outra vez e outra vez. Uma história feita de varias historias. Vidas distintas, que se cruzaram. Personagens infelizes que por força do destino, das decisões, dos caminhos, das atitudes, viram as suas vidas interligadas. Vidas famintas e infelizes. Vidas feitas de metades, que quando se uniram, conseguiram finalmente ser felizes. As páginas do livro oferecem-nos momentos feitos de pedaços dispersos, de homens, mulheres, novos e velhos, crianças, todos diferentes entre si. Pedaços que depois de se encontrarem formaram o mais belo quadro da família improvável feliz. Dos sonhos que se revelam tarde ou dos sonhos de uma vida. Da amargura de se ser sozinho, sem amor. Do nascer de novo, apenas e só porque se aceitou a si próprio. Do pilar de uma vida, a família, que também se escolhe. Ontem terminei o livro. Da viagem de casa para Tomar, para um fim de semana de muito calor, desejei que se alonga-se um pouco mais, só para que pudesse devorar aquelas páginas. A inquietude apressou-me e em menos de nada acabei de o ler.
Há livros que me chegam através da blogosfera. Porque surgem óptimas referencias de quem já os leu e o rol é grande. Ontem estava indecisa entre "Os descendentes" e "O quarto de Jack" e acabei por comprar o segundo. Gostei das impressões causadas nos leitores, da sinopse, do facto de todas as descrições serem feitas por uma adorável criança de apenas 5 anos. Um livro cheio de sonhos e perspectivas únicas da realidade, daquela realidade entre quatro paredes apenas. Porque há quem viva assim e sonhe e sorria. E o amor por alguém, só por si não desvanece só porque o espaço partilhado seja apenas um quarto.
Vais encontrar muita gente pela vida fora que diz as palavras certas na altura certa. Mas, ao fim e ao cabo, é pelas suas ações que os deves julgar. São as ações e não as palavras que contam.
Corações em Silêncio
Nicholas Sparks
E acabei mais um livro, devorei-o.
Um livro muito descritivo, que me permitiu viajar e me levou para bem longe. Sou capaz de imaginar e reconhecer todas as personagens. Viajei no tempo, de táxi, a pé, percorri aquelas cidades, sentei-me naquelas esplanadas e eu própria fui uma visita em cada casa.
Tomei chá e reguei as flores da varanda.
Histórias cruzadas, de vidas que se alimentavam da mentira, das falsas aparências e traições.
É obvio que não é preciso ler um livro para perceber que a opulência e a falsidade não singram uma vida inteira. Por vezes dilatam-se no tempo, mas lá virá o dia em que a máscara cai e se revela o verdadeiro ser.
Mais cedo ou mais tarde. Vale sempre a pena, a luta pelos nossos ideais e nada acontece por acaso. Aquilo que pode ser ou parecer um trauma de infância, ou um episódio mal resolvido, interfere de forma tal no caminho percorrido, que se revela crucial na construção do carácter de cada um.
Caminhos que se tocaram, que se afastaram, que encheram tantas páginas. Encruzilhadas e muitas pedras no caminho.
Vidas tristes. Sonhos. Revelações intensas. Integridade. Mentira. Verdade. Amor!
Cá em casa todos partilhamos o gosto pela leitura.
Por todo o lado há livros espalhados e ás vezes cabe-me a mim ler uma história, outras vezes são eles que fazem as honras da casa.
A mais nova, ainda sem saber ler, já se tornou numa boa contadora de histórias e já segue as pegadas do irmão.
Descobri um site, que irá com certeza deliciar aqueles que gostam de ler. A mim agradou-me bastante.
Para quem gosta de ler e de contar histórias.
Um site que pode divertir pequenos e graúdos e que nos presenteia com Uma história por dia.
"Afinal, talvez devêssemos todos desistir de tentar retribuir às pessoas que sustentam as nossas vidas neste mundo. Afinal, talvez fosse mais sensato rendermo-nos diante do alcance miraculoso da generosidade humana e limitarmo-nos a dizer incessantemente obrigada, para sempre e sinceramente, enquanto tivermos voz."
Ainda a propósito do livro que estou a ler, hoje fiquei fascinada com o que li e ao mesmo tempo intrigada, como se aquelas palavras fossem só para mim, que aquela descrição fez reviver algo, que durante muito tempo me atormentou. A Liz foi descrevendo um dos seus medos e confidenciou um sonho que a persegue desde sempre. Nesse sonho ela aparece a dormir e quando acorda depara-se sempre com um homem que tem uma faca na mão e a deixa profundamente assustada. Quando li aquela frase fiquei arrepiada, que há anos tenho um sonho idêntico que me deixa sempre aterrorizada e afinal não é mais de uma compreensão errada, que quem aparece no sonho, pelo menos no dela, segundo as crenças dos homens de Bali, aquele homem do sonho não lhe quer mal e o que trás na mão não é uma faca, é um instrumento de protecção.
Agora a Liz sabe que aquele sonho não é mau e se acordar ela sabe que pode voltar a adormecer, que está protegida e ninguém lhe fará mal.
Na Indonésia, acredita-se que quando nascemos, vimos acompanhados de quatro irmãos invisíveis (os nossos quatro irmãos espirituais) que nos protegem durante toda a vida e que nos levam para o céu quando morremos. O líquido amniótico, a placenta, o cordão umbilical e o líquido ceroso que protege a pele do feto, são cuidadosamente enterrados no jardim da casa quando uma criança nasce. "Esses irmãos" encarnam as quatro virtudes que são necessárias para que uma pessoa possa ter felicidade e segurança na vida. Elas são respectivamente a inteligência, amizade, força e a poesia.
Agora penso como hei-de reagir quando voltar a ter aquele pesadelo. De repente e acordada deixei de ter medo.
Já comi, já orei e estou a amar o livro, que estou quase a terminar. Agora quero muito ver o filme, já me disseram que vou ficar desiludida, ainda assim não me importo de correr o risco.
Na mesinha de cabeceira, já está este este livro verdinho, de olhos esbugalhados à espera de ser devorado. Os cachopos acharam-lhe muita piada:
- Vais ler um livro de bonequinhos, mãe?
E o que eu quero é recuperar o tempo perdido, que nos últimos anos e batam-me se quiserem, eu li muito pouco, confesso que comecei a ler um ou outro livro e deixei-os a meio. É obvio que não se tratou de abstinência total, mas andou lá perto. Agora é diferente e ontem desbocada como o crocodilo, disse ao mais velho que há-de ser um livro por mês.
Ambiciosa, não? Se o ler todos os dias à noite, também não podem ser muitas páginas, que adormeço fácil, depois nos bocadinhos livres durante o dia, talvez consiga. A ver vamos.
Uma longa viagem, por sinal.
Ainda estou em Itália, a aprender a língua, a saborear os prazeres da comida italiana, a reconciliar-me comigo mesma, a encontrar-me.
Depois de um divórcio tão doloroso parti à descoberta de outras partes de mim.
Não fugi, fui ao teu encontro.