É nascer de novo!
E quanto mais lia o artigo da Sónia Morais Santos, mais me aproximava do ano 2001, quando nasceu o meu primeiro filho.
Tantas memórias e tantas lembranças, muitas amargas, acreditem!
Uma gravidez planeada, um filho muito desejado e muito amado, nem sempre é sinónimo de felicidade imediata.
Muitos foram os momentos de loucura e a adaptação foi difícil.
Não acredito nessa conversa dos casais ditos modernos, de que nada muda e que continuam a fazer o mesmo tipo de vida, sem qualquer tipo de restrição.
É bem capaz de ter alguma ponta de verdade para aqueles, que depositam os filhos na casa dos avós, todos os fins de semana, ou aproveitam para dormir uma manha inteira de um sábado ou um domingo, enquanto o cachopo está entretido a ver televisão, sabe-se lá, qual o canal e sem contar com os bolicaus que já comeu.
Nenhum dia, depois do nascimento de um filho volta ser igual, deixem- se de tretas.
Nos primeiros dias então, o medo, a falta de jeito, o cansaço, as duvidas, passam a estar presente em tantos momentos!
Quando damos de mamar, ou tentamos, quando os levamos semanalmente ao centro de saúde para serem pesados e não engordaram mais do que 50 ou 100 gramas, cai o mundo na nossa cabeça.
Somos acusadas de não estar a comer convenientemente, porque o que queremos é começar a perder aqueles quilos que ganhamos na gravidez ou porque somos impacientes e a criancinha não mama o suficiente, porque ser mãe a sério, é passar horas com criança no peito, mesmo que esteja a dormir e a mama tenha a função de chupeta.
Passamos a ser desnaturadas se não acordamos o bebé, na hora da mamada, porque já está a dormir há mais de duas horas.
Mal interpretadas, que não acatamos as indicações de quem já pariu e criou muitos filhos.
Que antigamente não se fazia assim e no entanto, estão aí, a dar e vender saúde.
Mesmo que devoremos livros e mais livros, vamos dando conta que nem tudo lá está, nem pode estar.
Cada criança é diferente e o nosso instinto é tantas vezes sobrevalorizado pelos sabichões.
É que realmente, o que uma mãe inexperiente precisa é de tempo e de respeito, que os outros já tiveram a sua oportunidade de serem pais e mães.
Deixem-nos ser também!
Depois de tudo estar a acontecer de uma forma acelerada, tipo bola de neve, eis que a ultima consulta foi altamente esclarecedora e explicativa sobre a forma de tratamento de doenças do coração, nomeadamente a estenose aórtica grave.
A cirurgia é a solução, a resolução imprescindível, através da substituição da válvula doente, por uma válvula mecânica, desenhada expressamente, para durar toda uma vida.
No entanto, para prevenir coágulos sanguíneos, que podem causar complicações, fruto do material de que a válvula mecânica é feita, o paciente não poderá prescindir de um anti-coagulante oral, perpetuamente.
Existem outras válvulas, as válvulas de tecido, que até podem ser de porco, que em contrapartida têm uma durabilidade limitada (de 5 a 20 anos) mas não requerem terapias anti-coagulantes.
Ainda assim, esta não é a solução adequada para pessoas tão jovens e refiro-me assim à idade de 60 anos, que iria obrigar, a nova cirurgia a médio ou longo prazo, isto é, dentro de uns 10 anos sensivelmente.
Não é fácil aceitar um quadro clínico desta índole, quando se trata de um paciente jovem, ao que existem vários motivos para que o mesmo se tivesse desenvolvido desta forma e tivesse agora este desfecho.
Eu própria fiquei admirada com uma das causas possíveis, a febre reumática.
Em criança, esta doença, causada por uma bactéria específica, originada num simples quadro de amigdalite, desencadeia anos mais tarde, já na fase adulta, este tipo de patologia.
Não existem certezas sobre nada, mas este é um facto que considerei muito interessante, tanto mais que tenho dois filhos pequenos e nada deve ser negligenciado, nestas idades mais tenras.
Não temos que ir a correr ao médico, sempre que eles tossem, ou têm febre, ou se constipam, mas estarmos atentos a todos os sinais, é sinónimo de zelo e preocupação pelas nossas crias.
Claro que há 50 anos atrás, as classes mais desfavorecidas, com menos recursos financeiros e um nível diferente de conhecimentos, sofrerão hoje as consequências, mas sabemos que nos tempos modernos ainda há muito boa gente completamente desconstruída e totalmente despreocupada com questões tão banais como estas, as amigdalites e por aí adiante.
Estejamos atentos, por isso!
Nos canteiros, dão um ar da sua graça.
Muitas e variadas.
Adoro-as a todas.
Tanta cor e tanto perfume.
O jardim da minha mãe.
Não vou precisar disto, ainda que a minha cabeça não esteja a passar pelos melhores dias.
Há coisas que interiorizamos religiosamente e não preciso de me valer de qualquer apontamento. Não para isto!
O dia, a hora, o nome do médico, não esqueço, de certeza.
Resta-nos agora contar os dias e aguardar pela tão desejada consulta, como se fosse a melhor coisa que nos podesse acontecer.
E agora estou a ser ingrata que afinal, é o que mais desejo, mas é-me permitido ter medo, não?
Até porque temos que lhe dar força, não mostrar vulnerabilidade da nossa parte, mas nada disto retira o peso do fardo que carregamos com tanta anciedade e angústia.
O confronto
com a dura realidade, d e i x a - m e c h e i a d e m e d o ,
Inquietação.
Coração apertado, o meu, muito fragilizado, o dela.
Demasiada ansiedade.
E é preciso ter sorte, até com os médicos que nos examinam, costumamos dizer e habituamo-nos a ouvir!
Hoje, gostava que aquele médico se tivesse enganado. Vá, exagerado, no diagnóstico que fez à minha mãe.
Que a tal operação é completamente desnecessária, que até bastam uns comprimidos, ou aquele tal sistema inovador resolve, ou descanso e logo, logo, o pesadelo faz parte do passado.
Receio que não é isto que vá acontecer, que se calhar, o médico foi muito cauteloso, actuou de forma preventiva, como deve ser na saúde, encaminhando-a para um processo de exames, acompanhamento e vigilância mais apertados.
Hoje, novos médicos, outro exame e nova avaliação.
Temo, por ela, mas tenho fé, claro que sim!
. Ser mãe
. Flores
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